semintendes
Gostaria de reagir a esta mensagem? Crie uma conta em poucos cliques ou inicie sessão para continuar.
semintendes

Semintendes, página dos ex alunos SIC da Figueira da Foz
 
InícioInício  ProcurarProcurar  Últimas imagensÚltimas imagens  RegistarRegistar  EntrarEntrar  

 

 Padre João Castelhano

Ir para baixo 
AutorMensagem
A. Pena

A. Pena


Número de Mensagens : 43
Idade : 71
Localização : Sarzedo - ARGANIL
Data de inscrição : 05/09/2007

Padre João Castelhano Empty
MensagemAssunto: Padre João Castelhano   Padre João Castelhano Icon_minipostedTer Out 09 2007, 11:24

Mário Nicolau In Diário das Beiras de 09/10/2007

JOÃO CASTELHANO
“Político é aquele que procura a melhor maneira de servir a todos”


Passaram 50 anos desde que o padre João Castelhano assumiu “o caminho muito exigente e muito gratificante” do sacerdócio. O coração da mãe traçou-lhe o destino. A irmã, de acordo com a tradição na terra, acompanhou-o na missão. É pároco de S. José há 33 anos. “Não gosta de ser tratado por senhor prior” e afirma que...
É a história de uma vida cheia, dedicada aos outros. João Castelhano, o padre João da paróquia de S. José, faz um “balanço muito gratificante dos 50 anos de sacerdócio e que começaram antes do Concílio Vaticano II, quando ainda se rezava a missa em latim, numa paróquia “pequenina” no concelho de Montemor–o-Velho.
A catequese das crianças foi “o primeiro trabalho” num processo em que o padre João Castelhano deitou mãos à obra. “A catequese não estava organizada porque o anterior prior já tinha idade. No ano seguinte fizemos um curso para catequistas, com muita participação e quem orientou esse curso foram duas senhoras aqui da paróquia de S. José, que me havia de calhar em sorte mais tarde”, recorda.
O grupo de jovens entretanto criado contribuiu para uma dinâmica que “deixou saudades” no sacerdote que assumiu novas funções ao fim de 14 anos de actividade pastoral. “As pessoas fizeram um abaixo assinado e pediram ao Bispo para que eu continuasse. O Bispo deu-lhes a volta muito bem, pois disse-lhes que deviam sentir-se muito honrados porque o vosso pároco vai para um serviço que é único na diocese: director espiritual do Seminário Maior de Coimbra”.
A mudança foi inevitável e João Castelhano assumiu funções, passando a viver no Bairro do Brinca, de que foi capelão, assim como da Pedrulha e do Loreto. Dessa época guarda a experiência “interessante” em Janeiro de 1972 com um grupo de 15 rapazes na casa de retiro de Penacova que a partir dali se reunia todas as semanas para rezar. Sete deles, hoje em dia, “são padres e têm alguma responsabilidade na Igreja de Deus”. Com o 25 de Abril, o prior da paróquia de S. José, o padre Aníbal Pacheco, “não se sentiu bem com a liberdade e a democracia e pediu para deixar a paróquia”.
Em Agosto de 1974, o bispo D. João Saraiva convidou-o a assumir a paróquia de S. José, mantendo as funções no Seminário Maior de Coimbra “durante meio ano, pois o trabalho no seminário revelou-se incompatível com o trabalho na paróquia”.
A partir de 6 de Outubro assumiu em exclusividade a paróquia de S. José e a data ficou gravada de um modo especial na memória do padre João Castelhano: “foi um Domingo de trabalho para a nação. E se eu trabalhei nesse dia. Da parte da manhã rezei três missas nas capelas em que estava antes e, à tarde, vim para aqui para tomar posse”. A expressão que utilizou nesse dia também faz parte das recordações: “sou o padre João e estou aqui para vos servir. Juntos vamos fazer uma comunidade”. A mensagem passou e percorreu a paróquia, dando conta da atitude do novo padre que “não gostava de ser tratado por senhor prior e que queria ser o padre João”. Ainda hoje é assim “e graças a Deus ainda não mudaram o tratamento”.
Foi o coração da mãe que traçou o destino de João Castelhano. “Nunca ninguém disse que o meu irmão mais velho, o Manuel, iria para o seminário. Em casa dizia-se, o João vai para o seminário. Quando fui para a escola primária já sabia que no futuro iria para o seminário, o que na altura, na terra, era uma honra, pois só estudava quem ia para o seminário”. Por outro lado, acrescenta, “uma missa nova era uma festa como não havia outra na terra. Ir para o seminário significava uma promoção, sair da aldeia e dos trabalhos da agricultura e abraçar o serviço da Igreja, que era muito conceituado”. Mandava a tradição que a irmã do “senhor prior” acompanhasse o irmão, “pelo que não foi difícil que a minha irmã seguisse esse caminho. Está ao meu lado há 50 anos”.

Vocações são caso sério
A diminuição do número de filhos e “a abertura do ensino a todo o mundo”, a partir de 1975, com o surgimento de escolas secundárias “a dois passos de casa” alterou “todo o caminho para ser padre”. João Castelhano afirma que “hoje não se vão buscar crianças à escola primária, optando-se pelos alunos no final do liceu ou já na universidade, que revelem gosto por servir”.
Perde-se em quantidade - “no meu ano entramos 46 e ordenamo-nos 17” - e ganha-se na qualidade. “Isto não quer dizer que os padres de antigamente sejam todos para deitar para o lixo. Enquanto se ordenavam, no meu tempo, 10 a 15 por cento dos que entravam para o seminário, neste momento a percentagem é quase total”.
A estratégia seguida pela Igreja, afirma João Castelhano, “é diferente” e existe, também, “uma forma mais séria de encarar a questão das vocações e de orientar os rapazes para um caminho que é exigente, mas muito gratificante”.

Estado deve manter
critérios de igualdade
A Constituição deve ser cumprida em matéria de liberdade religiosa, afirma o padre João, que recupera a questão das capelanias nos hospitais e a assistência aos doentes, já que “dá a sensação que é um privilégio da Igreja católica ter padres nas unidades de saúde”. Ora, acrescenta, “foi por existirem padres nos hospitais para que outras confissões religiosas pudessem dar também assistência aos seus crentes nos hospitais. É verdade que não têm capelão fixo, mas este facto fica a dever-se unicamente ao facto de não terem um número de doentes que mereça uma presença mais efectiva”.
A realidade, e tendo em conta que 90 por cento dos portugueses são cristãos, é só uma: “se um doente vai para o hospital e tem o terço na mesa de cabeceira, é sinal que é maometano? Porque é que o padre não pode estar com essa pessoa e falar-lhe da religião, de Deus e da sua doença?”.
O padre João garante que “não queremos, de modo algum, ser gente à parte, ser privilegiados ou ter tratamento diferenciado. Queremos que haja em vista a presença da Igreja católica em Portugal, a presença das outras igrejas em Portugal e que, desde que sejam sérias e honestas, sejam tratadas por igualdade”.

Desafios no século XXI
A transição política, o acesso ao ensino e a liberdade de expressão foram “um ganho maravilhoso para o povo português”. A maturidade política e social, considera, foi conseguida “após um período muito difícil de adaptação” e que ficou marcado por vários factores. “As pessoas quiseram ter a sua liberdade e usar da sua liberdade, mas não foi fácil cada um assumir as suas responsabilidades no contexto social e caminhar de mãos dadas para uma sociedade homogénea em que cada um tenha garantidos os seus direitos. Existem os espertos que triunfam, que vão em frente e que conseguem impor-se e existe o cidadão normal que espera apenas ser tratado como pessoa e que tantas vezes se vê posto de lado por gente de escrúpulos que avança. Não é só na política que acontece...”, afirma.
Segundo o padre João Castelhano “o principal desafio da Igreja não é só de agora, é um desafio de sempre: é ser fiel a Jesus Cristo”. E prosseguiu: “Quando a Igreja é fiel a Jesus Cristo e procura tornar presente no Mundo o ensinamento de Jesus Cristo, está a contribuir de uma forma admirável para que o Mundo se entenda”.
Uma maior abertura da Igreja, considera, “deve ter sempre em conta o essencial, a mensagem de Jesus Cristo e a forma como a viveu e a transmitiu, que é o amor aos outros, que é o amor aos inimigos. Quando as pessoas entenderem isto, serão capazes de amar os outros, lavar os pés ao discípulo que é o que está em grau inferior”. Quando a mensagem for entendida muito irá mudar: “um político não é o arrogante que se impõem e quer que todo o mundo lhe bata palmas, é aquele que procura a melhor maneira de servir a todos e de garantir que todos tenham acesso aos bens essenciais”.
Por outro lado, “quando limitamos a Igreja católica à moral sexual, à presença obrigatória na missa ao Domingo ou à questão do aborto ou ao problema da família, estamos a partir daquilo que é o caso concreto desta ou daquela pessoa, escondendo aquilo que é essencial da visão de Jesus Cristo e da missão da Igreja no Mundo”.
Ir para o topo Ir para baixo
http://argus.no.sapo.pt/
 
Padre João Castelhano
Ir para o topo 
Página 1 de 1
 Tópicos semelhantes
-
» João Soldado

Permissões neste sub-fórumNão podes responder a tópicos
semintendes :: Notícias várias :: Dos ex-
Ir para: