Passeio ao Norte de Espanha

Estávamos no mês de Maio do ano da graça de 1970.
Como todos os anos houve o passeio anual.
Nesse ano se bem se lembram foi a Espanha (Vigo, Pontevedra, Santiago de Compostela... com o Bota Fumero... e La Coruña).
Ficámos duas noites em Pontevedra.
Os que foram para a pensão ficaram escoltados e debaixo de olho.
Uns tantos (João Dias, Luís Lourenço - Luís Maná, Luís Ventura Pinho -Luís Marcelino, eu e outros que não me lembro... tu deves lembrar-te de mais João Dias... ficámos numa tenda do João Dias que montámos num descampado ambas as noites que aí pernoitámos.
Na primeira noite (quando da ida para Norte) nada detectámos.
Na segunda noite (já de malas aviadas para casa) por volta da meia-noite, andando nós a vaguear, ouvimos música ao longe.
Colocámos o ouvido à escuta, vai de tirar o azimute ao som e toca a colocar-nos a caminho.
Mas não havia maneira de darmos com o local de onde vinha o som melodioso de um grupo musical a tocar
Festa havia... agora lá chegar???
Encontrámos um espanhol e logo lhe perguntámos:
- Onde es la fiesta?
E ele, simpático e muito elucidativo, respondeu-nos:
- No es mui llego daqui, mas tienes que ir por una carretera no mui buena...
Lá pusémos os pés ao caminho e passada uma meia hora estávamos a chegar ao terreiro da «fiesta».
Com as capas à costas e eu com a viola e o Luís Marcelino com a guitarra, todos fizémos furor com o nosso aparecimento.
De imediato, os organizadores (quiçá mordomos) da festa vieram ter connosco a perguntar de onde éramos e se não queríamos tocar para eles.
Era a mesma coisa que perguntar a um cego se queria ver...
Saltámos todos para o palco.
O grupo musical parou de tocar.
E eu eo Luis Marcelino puxámos dos instrumentos e vai de sair uns fados de Coimbra.
Delírio geral!!!
Acabada a internacional actuação descemos do palco e nem queiram saber as «chicas guapas e salerosas» que nos esperavam para um pé de dança...
Como bons estudantes de Coimbra não nos fizémos rogados e vai de roçar nas «chicas» que se fazia tarde...
Os dotes e o bom nome de Coimbra ficaram bem representados...
Lá para as três da matina acabou o bailarico e entre beijos despedimo-nos e regressámos a «penates», melhor dizendo, à tenda.
Os que ficaram na pensão ainda hoje devem estar arrependidos por não terem soltado o «grito do Ipiranga» e terem dormido no «Hotel Valeta»...
Ao menos sempre tinham tido uma noite mais divertida e animada.

E depois há quem pense "coisas" dos ex. No nosso caso só uma coisa se pode pensar: a maioria deles queria era gajas.