Então para aguçar o espírito e espevitar os mais preguiçosos aqui vai uma história da minha passagem por Coimbra.
Quem comigo esteve na Casa Nova (Simões, Zé Vieira, Albano, etc.) sabe que eu nunca morri de amores pelo prefeito padre Manuel Augusto Frade e suponho que vice-versa.
Incompatibilidade de feitios, de pensamento, de saber estar e saber ser, sei lá...
Acontece que no ano de 1968-69 um dos ajudantes de prefeito era o Fernando Bento Alves (o outro era o Fernando Antunes) que era o viola-mor do Seminário.
Meteu-se-me o bichinho da viola e vai de começar a dar uns acordes.
No ano seguinte (e meu último no Seminário), continuámos na Casa Nova, mas no 1º Andar (piso onde era o quarto do prefeito).
O meu quarto ficava uns três ou quatro depois dele.
Como o Fernando Bento saiu nesse ano intensifiquei os «meus estudos de viola» em ritmo intensivo para ver se chegava aos seus calcanhares.
E era a toda a hora e a todo o momento que estava agarrado ao instrumento, inclusivamente durante as célebres «Tristes» (período de estudo e silêncio das 17.00 às 19.00).
Acontece que numa bela tarde, estava eu todo entretido a tocar baixinho para não ser apanhado, batem-me à porta.
Quem era? O Padre Frade.
Fiquei meio atrapalhado e pergunta-me ele«:
- Não sabes que não são hora de tocar viola, porque estamos nas «Tristes»?
Respondi prontamente:
- Sei sim Senhor Padre Frade, mas olhe, era para ver se as tornava mais alegres.
Resultado: achando piada ou não.. saiu... e não disse mais nada.
Era assim o espírito revolucionário de Coimbra em finais da década de 6 0e princípios da de 70.